sal Lyrics

No final das contas, eu mal senti o

Gosto do sal

Quando eu lambi a navalha que eu achei no

Chão do avião

Ficou tudo na ferida

Ficou tudo esparramado

No seu pulmão nas

Costas da mão

Pena que

Acabaram te abrindo

Como um sachê

A tarde esfriou

E os tormentos também

Escorrendo do nariz

As rãs sucumbem

É o algodão arfando

No corrimão

Avisou a placa do

Mirante pra você não

Olhar no espelho

Que o calor do olho

Derrete a frente

Que tropeçar é

Dar de testa no

Congelador

O fio da tomada

Se enrolou na sua canela

E você que caiu

Não é hoje que o que

Eu guardei vai ver a luz do dia

Não é hora de se arrepender

Crânio não consegue mais pensar

Só sabe sorrir

Já queimou

Não tem mais

Sorte da manhã

Mas toda casa tem fungo

Se você procurar direito

Atrás das canetas

No escuro molhado

Onde se condensam sonhos

Nas cortinas

Textos e ditados

Cernes de ipê

Que saudade que eu tive

Do fantasma na gaveta

Cochichando

Dando curtos circuitos

Em calombos atrofiados

Que eram dedos

Vale a pena a olheira

Volta

Vem aqui

Trás caderno e garfo e

Faca pra a carapaça

Que o crânio sem você

Fica sem memória

Esse carrossel de dentes afiados

Entra em temporada,

Traga sapatilhas

Eu perdi

O abajur

Me quebrei

E no final das contas eu mal senti o

Gosto do sal

Da vista do chão

Ficou tudo na ferida,

Ficou tudo esparramado

No motor do farol

E agora sem luz

Eu tento encaixar

Os pinos da tomada

No soquete enferrujado

Do pulmão